As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpa. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes. Algumas palavras sugam-nos, não nos largam: são como carraças: vêm nos livros, nos jornais, nos «slogans» publicitários, nas legendas dos filmes, nas cartas e nos cartazes. As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras.
José Saramago
5 Comments:
Olá!
Em primeiro lugar queria agradecer os teus comentários no meu "cantinho".
Belo texto... nós não temos a noção que as palavras nos perseguem por todo o lado... em todas as nossas acções...algumas vezes boas... outras más...
Como diz o ditado: as palavras são de prata e o silêncio é de ouro... Como eu concordo...
Beijinho grande e fica bem!
Palavras para quê ... menos palavras, mais acção....
Fica bem
PS - só hoje fiquei a conhecer-te pessoalmente (acho eu)...Será que comeste a sopa toda
ui minha menina ... Saramago ... ufa ufa ... quem diria ...gostei de ver
um jinho grande
:-)
as palavras servem tanto para nos libertar como para nos aprisionar...
temos é que saber usá-las no memento certo..
Belas palavras essas de Saramago..
Fica bem:)
Palavras ditas com coração terno, doce, meigo, bondoso são sem duvida as palavras melhor proferidas.
As pessoas julgam fazer o que dizem e acham que dizem o que fazem, sem pensar que muitas vezes as palavras são para ser saboreadas quando proferidas e depois colocadas em acção.
Saramago brinca com elas fazendo-nos ver palavras em tudo o que descreve...
Um beijo sereno.
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