quinta-feira, outubro 26, 2006



As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpa. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes. Algumas palavras sugam-nos, não nos largam: são como carraças: vêm nos livros, nos jornais, nos «slogans» publicitários, nas legendas dos filmes, nas cartas e nos cartazes. As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras.

José Saramago

5 Comments:

Blogger Ana said...

Olá!

Em primeiro lugar queria agradecer os teus comentários no meu "cantinho".
Belo texto... nós não temos a noção que as palavras nos perseguem por todo o lado... em todas as nossas acções...algumas vezes boas... outras más...

Como diz o ditado: as palavras são de prata e o silêncio é de ouro... Como eu concordo...

Beijinho grande e fica bem!

8:58 da tarde  
Blogger A. Marinho said...

Palavras para quê ... menos palavras, mais acção....
Fica bem

PS - só hoje fiquei a conhecer-te pessoalmente (acho eu)...Será que comeste a sopa toda

10:08 da tarde  
Blogger maktub said...

ui minha menina ... Saramago ... ufa ufa ... quem diria ...gostei de ver
um jinho grande
:-)

11:55 da tarde  
Blogger Filipe said...

as palavras servem tanto para nos libertar como para nos aprisionar...
temos é que saber usá-las no memento certo..

Belas palavras essas de Saramago..

Fica bem:)

11:31 da tarde  
Blogger Serenidade said...

Palavras ditas com coração terno, doce, meigo, bondoso são sem duvida as palavras melhor proferidas.

As pessoas julgam fazer o que dizem e acham que dizem o que fazem, sem pensar que muitas vezes as palavras são para ser saboreadas quando proferidas e depois colocadas em acção.

Saramago brinca com elas fazendo-nos ver palavras em tudo o que descreve...

Um beijo sereno.

2:16 da manhã  

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